As Memórias de uma GANZA!

Não me enganei, não era Gueixa, é mesmo GANZA.

Eu considero-me um rapazito digamos que flexível. Não sou de censuras nem de águas bentas. Cada um faz o que quer e não condeno por isso. Claro, desde que não prejudique a mim e aos meus (meus, leia-se Amigos, familiares, aqueles que eu estimo).
Já me apelidaram de tanta coisa, inclusive de menino da pastilhinha. Pois enganam-se. E os meus amiguinhos da pastilinha, do pózinho, da ganzinha e dos demais alucinogénicos bem o sabem. Convivo com toda a gente, desde que esteja entre os que gosto. O que eles fazem ou deixam de fazer is their own businness.
E falando a mais pura verdade, nunca experimentei, nem um grãozinho de poeira de coca, quanto mais um "chicharrinho". Não tem mal nenhum nisso. Não estou aqui para fazer parte de um grupo. Nunca me deu vontade. Mesmo com inúmeros convites, decididamente, diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és não se aplicava a mim. Ainda lá me falavam nas sensações e tal, a jeito de persuasão, mas respondia sempre com esta frase. "Não preciso de catalisadores para me divertir!". A minha droga, é a boa disposição e como suplemento, a companhia.
Na Segunda-Feira (19-06) anterior ir para Lisboa (21 de Junho) é chegada a hora do almoço. Conversa puxa conversa, ganza e outros nomes que nunca tinha ouvido na vida e apeteceu-me dizer uma loucura:
"An****a, arranjas-me um charrinho para experimentar lá em Lisboa?". Claro que naquele momento, até parece que toda a gente era muda, pois os olhos apontaram todos numa direcção. EU! E mais ninguém falou.
Com a maior das naturalidades resolvi amenizar os seus olhos arregalados, descontraindo com uma pergunta:"qual a crise?alguma vez viram-me a tomar essa atitude convosco?"
Não sabia que aquela porcaria era cara, a tal sola de sapato custava 25euros. Credo! A An****a que é uma querida, prontificou-se a dividir aquele papo-seco em dois, assim que arranjasse, e eu só pagaria 12,50euros. Menos mal! Aproveitei e pedi para me fazerem uns 2 ou 3 "chicharrinhos".
Assim foi feito o tal pedido.
Quarta-feira, novamente ao almoço, lá me entregou o produto, envolto de um guardanapo. Abriu e vi o que mais parecia uma barrinha de chocolate negro. O que faço com aquilo? O tipo não teve oportunidade de mos preparar. Logicamente já tinha visto os preparos, mas eu que nunca saberia fazer com aquela perícia e só ia dar em salganhada! Então a minha amiga disse que ao chegar lá, falasse com algum amigo e me fizesse a papinha. Só teria que arranjar murtalhas. Bonito isso, hein?
Lá coloquei numa bolsa onde ponho a carteira e telemóveis e outros acessórios.
O voo era à noite e regressei no Domingo também à noite.
Foi giro!
A ganzinha passou justamente pelos senhores polícias (na zona detector de metais), no bolso mais externo da bolsa. Nessa altura quando contei aos meus amigos, todos me deram um rapanete. Mas estão a ver, quem não está acostumado, e mais, que se tinha efectivamente esquecido que tinha o "guardanapo" na bolsa, nunca mais me lembrei no que poderia ter acontecido, caso tivesse um corta-unhas, e tivesse que abrir a bolsa.
Passeou-se pelas ruas de Lisboa, pelo C.C.Colombo, pelas ruelas do Bairro Alto, ainda perguntei a um amigo se poderia fazer o preparozinho, mas depois esquecemo-nos do ávante. O "chicharrinho" até foi ao Freeport, por três vezes foi à Häegen-Dasz no Chiado, conheceu a FNAC de lá, sem falar nas discotecas. E não dizem que eu sou um bom anfitrião? Ahhhh, até para o pequeno-almoço não o largava. Inseparáveis! E não utilizei, nem um niquinho. Só entrei em paranóia no dia de regresso. Quando não tinha noção, nada me parecia complicado. Agora no regresso, imaginava que me poderiam revistar a bolsa, ou se pusesse nas calças, que também descobririão, se eu pusesse na mala de viagem que ia para o porão, poderiam os cães escrupulosamente treinados, detectar o "chocolatinho negro". E agora, como fazer? Não tinha jeito para ser malfeitor. Resumindo, coloquei-o na tshirt mais transpirada que utilizei na noite que possa ter ido à discoteca mais poluída a cheirar a tabaco.
Qual seria o cão que detectaria o cheirinho da ganzinha, no meio de transpiração e tabaco!?!?
Agora ela é a minha fiel companheira.... da gaveta da minha secretária, que se encontra mesmo atrás do teclado que estou agora a utilizar.
Até o dia!!!