F-R-I-E-N-D-S
Permita(m)-me ressalvar a hora de escrita do post. Precisamente à hora que acordei, de lágrimas a escorrerem-me pela face.
Mas retrocedendo umas horas antes:
20h, no café do museu, para um " café com um amigo", que preciso realçar Amigo!
Tanto que a hora voou, como o vento que fazia na rua, e 23h30 estávamos a nos despedir, ficando com muita conversa nas "reticências". (laury, tens concorrente mas ninguém bate o "nosso" raviolli)
E falou-se de tanto, parecendo o tanto, tão pouco! Do passado, das (minhas/suas) acções, das mudanças das pessoas, das festas, sempre com muita risada a meio, dos nossos pontos nevrálgicos, e muito ficou ainda para partilhar...
Amigos, não os tenho, só para dizer que tenho amigos. Tenho 700 e tal no Hi5, por favor! Nem um décimo daquilo defino como amigo!
Mas foi interessante a forma como estávamos concordantes na definição do "amigo"!
Não há, só "amigos" e "não amigos".
Tenho amigos para tudo e amigos para nada.
Amigos, para "olá, tudo bem?" e siga adiante pela rua.
Amigos para "ah homeee, ao tempo, vamos tomar um café e pôr a conversa em dia"
Amigos para "feliz aniversário meu querido"
Amigos para o (somente) "Feliz Natal e Bom ano Novo"
Amigos para "Novidades? Eu estou bem, embora (...). Vamos nos encontrar?"
Amigos para "Gostava de ser mais amigo teu!"
Amigos para "Estou com um problema e não há forma de resolver(...)"
Amigos para "(...)amigaaaa, tá boa? tou cansadaaaaa, andado a trabalhar muito, mas queria saber de ti(...)"
Amigos para "hoje estou-me a sentir em baixo, sem pachorra para nada, ainda por cima(...)"
Amigos para "sabes onde estou? estou com o meu amor a passear na rua, é tão bom o Amor. E tu como andas de amores? Conta-me tudo!"
Amigos para "cucu! love you :*"
Amigos para "sinto a tua falta, para o dia-a-dia"
(atenção, não são mensagens reais, mas cada uma demonstra um grau de proximidade do sujeito)
Até tenho amigos que se adequam em todas as opções anteriores!
À hora do almoço (com outros amigos) saltou a questão: "Diz-me quem sao os teus amigos..." E fez-se silêncio! Ninguém respondeu! Parece difícil resumir/descrever quem são os meus Amigos? Ou parece mais fácil dizer que "eu tenho 700 e tal no Hi5".
Nunca imaginei que uma pergunta tão simples se tornasse uma complexidade tremenda!
O que eu sei é que tenho amigos para as maiores pastachadas, outros que passo na rua "olá tudo bem?" e tenho outros que me "exponho a nú", sem nada a me cobrir. Que sei que ao revelar-me a ele/a pela minha atitude mais censurável, não serei julgado, mas serei amado, compreendido e comentado pela mais pura genuinidade que a Amizade obriga!
Foi por isso que demorei e nem respondi à pergunta. Preferi me defender com o "escalonamento dos amigos". É impossível ter amigos e não-amigos!
Amigos para café, amigos para se ver de vez em quando, amigos para contar as histórias mais superficiais, amigos para contar as coisas mais estranhas, capazes até de corar um morto!
O motivo do acordar a chorar:
Sonhei com uma rapariga. O meu "crush" do Liceu! Filipa Cardoso, de seu nome. Desde que a vi, pela primeira vez no 1º ano, na Bartolomeu Perestrelo, algo clicou-se-me! É química, é física, são energias? Não tenho pacheco para descobrir! Sei que, aquela miúda, alta, esguia (tendo em conta os nossos tenrissimos 11 anos [??] de idade), de sardas proeminentes na face e olhos esverdeados, cabelos louros, mãos lindas, captou-me a atenção desde o momento que entrou na sala. Ainda por cima falava à cubano. Não era de cá. Mais misteriosa se tornara. Ao fim de algum tempo aproximámo-nos e ficámos amigos. Eu queria mais que isso, ela queria disso, mas não comigo, hehe! O célebre cliché de menino-que-adora-a-menina-popular-mas-que-ela-só-o-quer-para-amigo!
Nas aulas de ginástica, nas outras aulas, havia a competição saudável entre nós! Até praticámos andebol como modalidade desportiva. Eu no Marítimo, ela no Club Sports Madeira. E éramos os melhores nas aulas de Educação física. Éramos sempre os primeiros a ser escolhidos para as equipas, tanto que normalmente ficávamos como adversários. Aliás, normalmente só pertenceríamos à mesma equipa, quando haviam os jogos entre turmas, porque éramos da mesma turma! (atenção, no andebol, pois no futebol tanto eu como ela, tínhamos pés quadrados, se calhar, eu mais que elaaa, ah poi).
Passados os anos na Bartolomeu, fomos para a Jaime Moniz. Continuámos na mesma turma. Eu a "viver" com ela as "aventuras" que ela tinha com os seus "crushes", sempre com aquela mágoa lá dentro, quando é que ela me escolheria! Praticamente só nos separavamos quando íamos para casa, ou para os treinos. As festas de aniversário, íamos às mesmas. Mas até aí, quando chegava ao "auge" da festa, que na altura era colocar músicas slow e dançar com o par, calhava-me a fava do bolo-rei! Nunca ela!!!
Até que um dia, por necessidade de subida de carreira ou algo remotamente parecido a isso, o pai dela foi transferido para o Continente! Claro que, perdemos o contacto. Ela quando cá vinha, jogar contra o Madeira ou o Académico (Ela representava o Liceu de Camões) continuava entusiasmado por vê-la, como se ainda ontem tínhamos acabado de nos encontrar e de ter partilhado as histórias dos beijinhos fugidios que ela teve com o (outro) Nuno. Entretanto desistiu de jogar andebol, seguiu o seu curso e "seguiu o seu percurso"! Hoje é mãe de dois filhotes, casada com o Filipe. Engraçado Filipa e Filipe!
Mas o que me fez chorar, foi que; sonhei com ela, encontrando-a a descer a rua do castanheiro, ela a passear um cão enorme, com um pêlo ondulado (tipo o como o cabelo de uma mulher quando acaba de tirar os rolos da cabeça, hehe). O cão estava parecido com ela. Mas hey, não no sentido depreciativo, talvez aqui borbulhou algo do inconsciente, quando se recebe aqueles e-mails em que os cãos ficam parecidos aos donos.O Cão estava lindo, e ela, ui ui...... E ao vê-la entrar no carro, no largo do colégio, despedi-me dela, a chorar, estando o Filipe no lugar do condutor e a mafalda e o guilherme nos bancos de trás!
E acordei assim, chorando compulsivamente! E porquê? (por isso é que me levantei logo da cama e fiz este rascunho).
Porque TODOS os meus aniversários, TODOS os "Natais" recebo uma correspondência dela, desde que ela saiu da Madeira. TODOS, sem falhar nenhum! E eu senti vergonha! Muita vergonha ao ponto de começar a chorar! Hoje sinto-me estranho por isso. Quero fazer algo, mas não sei o quê! Me castigar por ter sido "distraído" pela sua nobre atitude? Não respondi nenhuma vez, nem para o aniversário dela (que até hoje não consegui memorizar...sei que é para meados de Janeiro)será porque fiquei sempre com aquela chagazinha no coração? E sinto-me estranho, com um aperto que não há forma de desapertá-lo!
Daí o meu escape ter sido este:escrever!
Será que ela vai ler isto? Claro que não! Só se lhe mandasse um sms com o link! Que infantil que eu seria. Mas não quero! Quero fazer algo marcante, que ela nunca mais se esqueça, como eu nunca lhe esqueci! E vou permanecer assim, até arranjar uma forma. É o meu feitio. Quero surpreender e não sei como. Estranho, né? Vindo de um gajo que surpreender, é das coisas que mais eu sei fazer!!!! E para este caso, estou sem ideia nenhuma. Cartas? Nã. E-mail? Nã. Telefonar? Nã.! NÃO SEI! Tenho vergonha :
Deixo aqui o último postal que me enviou, para este Natal:
(vou tentar voltar ao mundo dos ZZZzzzZZZzzZZZz)
P.S: Não ligar a construções frásicas, pois com duas horas de sono, não há José Saramago que faça melhor que isto!